O Basquetebol Brasileiro Perdeu o “DNA”?

Em um passado não muito distante, ainda recordo que quando garoto eu ia para o Maracanazinho assistir torneios internacionais de basquetebol.

Naquela época equipes do primeiro escalão do basquetebol mundial, como Argentina, Mexico, Iugoslavia, Cuba, Porto Rico, União Soviética além de equipes fortes do universitário americano vinham para o Brasil jogar contra o nosso selecionado nacional. Que espetáculo!

Assistíamos jogos técnicos de basquetebol, ou seja, um basquetebol de craques e bem jogado tecnicamente e taticamente.

Infelizmente não tive a oportunidade de assistir a geração de Amaury Passos, Victor, Rosa Branca, Wlamir Marques e Algodão jogar mas acho que seria igualmente fantástico, especialmente para um jovem, como eu, apaixonado pelo basquetebol.

Por duas décadas, a de 70 e a de 80, assisti jogos do nosso selecionado com orgulho, pois os nossos craques eram talentosos e carismáticos dentro e fora da quadra.

A torcida cobiçava autógrafos de nossos ídolos e os tratavam como heróis nacionais.

Jogadores fantásticos como Ubiratan, Edvar, Hélio Rubens e irmãos, Menon, Mosquito, Joi, Carioquinha, Adilson, Fausto, Dodi, Marquinhos, Ze Geraldo, Sergio Macarrão, Luisinho, Pedrinho, Felipão, Jomar, Gogo, Doinha, Manteiga, Rogério, Aurélio, Pedrinho, Peixotinho, Paulão, César, William, Aurélio, Barone, Edinho, Felinto, Marvio entre outros e depois veio a geração fantástica de Marcel, Maury, Oscar, Marcelo Vido, Guerrinha, Saiani, Zeze, Cadum, Nilo, Gilson, Rolando, Israel, Fernando, Agra, Robertão, Zezé, Gerson, Paulinho entre outros.

Durante este período o nosso basquetebol estava recheado de bons jogadores e técnicos como Pedroca, Edson Bispo, Claudio Mortari, Emanuel Bonfim, Kanela, José Medalha, Renato Brito Cunha, Edvar, Helio Rubens, Tude Sobrinho, Marcelo Cocada, Marcos, Epaminondas, Paulo Murilo, Zé Pereira, Waldir Boccardo, Guilherme entre outros.

Nosso selecionado e as equipes dos clubes eram fortes tanto tecnicamente quanto taticamente.

Jogávamos um basquetebol leve, de contra-ataque e criatividade, ou seja, praticavamos um “basquete brasileiro”, dinâmico e de quadra-toda.

Nossas equipes eram dirigidas por técnicos que colocavam em prática suas próprias filosofias de jogo.

Nossos experientes técnicos não copiavam o basquetebol de outros países e jogadas de outras equipes. Eles adequavam o que aprendiam as características dos jogadores de suas equipes.

Existia também um trabalho forte nas divisões de base dos clubes.

Nossos jogadores eram formados nas divisões de base – não eram jogadores comuns, mas craques!

Jogadores estes que dominavam os fundamentos básicos do jogo. Os campeonatos carioca e paulista eram fantásticos. Super competitivos e de um nível técnico superior.

As equipes todas sem excessão eram dirigidas por técnicos brasileiros, experientes e capazes.

Infelizmente o nosso basquetebol está a alguns anos descaracterizado, e perdendo o nosso DNA.

Praticamos um jogo e uma filosofia que não se encaixa com as características individuais de nossos atletas e de nossa cultura.

As equipes em sua grande maioria praticam um sistema único de jogo que enfatiza o pick-and-roll. O basquete de hoje, passou a ser uma competição desenfreada de arremessos de 3 pontos com um alto número de Turnovers.

Nossas equipes arremessam mais bolas de 3 pontos do que de 2. Mesmo quando estatisticamente provado de que os arremessos de 2 e 3 pontos têm que ser praticados de forma equilibrada, pois sem este equilíbrio, as equipes não conseguirão aumentar a porcentagem de aproveitamento de arremesso por posse de bola.

Atualmente, o nosso selecionado é dirigido por um técnico estrangeiro e os nossos jogadores, especialmente os de nosso selecionado, não jogam mais no Brasil.

Ainda me lembro como se fosse ontem que o único e primeiro jogador brasileiro a jogar no basquetebol internacional foi o Ubiratan.

Hoje, também, não somos mais a segunda força no esporte brasileiro e nossos clubes estão falidos e não participam mais dos campeonatos estaduais de base e de 1a-divisão.

Nossos ginásios durante competições estaduais e nacional estão praticamente vazios.

O campeonato carioca da 1a divisão no Rio não existe mais. As instalações para a prática do basquetebol na base também deixam muito a desejar.

Enfim nosso basquetebol perdeu o “DNA” e está falido financeiramente.

Acredito, porém, que se o esporte ba “bola laranja” for estruturado e dirigido por pessoas competentes, poderemos de uma forma eficiente soerguer o nosso esporte.

Afinal, precisamos deixar um legado para esta juventude – um legado de características brasileiras para que assim o nosso povo possa mais uma vez abraçar o basquetebol como o segundo esporte do país!

Resumindo perdemos a nossa identidade. Precisamos voltar a dar valor ao que é Brasileiro com orgulho de nosso país e tradição!

Formações Históricas

  • 1970: Vice-Campeão Mundial (Ljubljana, Iugoslávia)
  • Time: Hélio Rubens, Rosa Branca, Wlamir Marques, Menon e Ubiratan.
  • Téc: Kanela.
  • Principais Suplentes: Edvar Simões, Mosquito e Sérgio Macarrão.
  • 1971: Medalha de Ouro nos Jogos Pan-Americanos de Cali
  • Time: Hélio Rubens, Mosquito, Menon, José Aparecido e Marquinhos Abdalla.
  • Téc: Édson Bispo.
  • Principais Suplentes: Carioquinha, Dodi e Adílson.
  • 1978: Medalha de Bronze no Mundial (Manila, Filipinas)
  • Time: Carioquinha, Marcel, Oscar Schimdt, Gílson Trindade e Marquinhos Abdalla.
  • Téc: Ary Vidal.
  • Principais Suplentes: Hélio Rubens, Fausto Giannechini e Ubiratan.
  • 1986: 4o lugar no Mundial da Espanha
  • Time: Maury, Marcel, Oscar Schimdt, Gérson Victalino e Israel Machado Campelo Andrade.
  • Téc: Ary Vidal.
  • Principais Suplentes: Guerrinha e Paulinho Villas-Boas.
  • 1987: Medalha de Ouro nos Jogos Pan-Americanos de Indianápolis, EUA
  • Time: Guerrinha, Marcel, Oscar Schimdt, Gérson Victalino e Israel Machado Campelo Andrade.
  • Téc: Ary Vidal e José Medalha
  • Principais Suplentes: Maury, Cadum, Paulinho Villas-Boas e Pipoka.

Head Coach: Importância Da Experiência

Experiência e Kilometragem rodada são fatores muito importantes para um Head Coach.

Um técnico está sempre ameaçado de ser demitido caso perca um jogo inesperado e inaceitável pela direção do clube, especialmente no exterior.

Dirigir uma equipe e tomar decisões durante um jogo, sob esta ameaça, traz bastante amadurecimento, força o técnico a dirigir e a preparar a sua equipe da maneira mais eficiente possível, pois não há espaço para o fracasso. Derrota é sinônimo de Demissão!

Durante os 30 anos militando no exterior, aprendi que eu “amo mais não perder do que ganhar”.

Quando você perde é um desastre! Tudo é questionado! O trabalho do técnico é colocado em xeque! As Vezes XEQUE-MATE!

Acredito que a qualidade e o equilíbrio da competição são, também, fatores muito importantes, para o aprimoramento das técnicas de direção e administração do Técnico.

Um técnico que dirige uma equipe que ganha todos os jogos de 10 ou mais pontos, e que só tem um jogo duro durante a temporada, não está adquirindo o “know-how” igual ao de um técnico de uma equipe que participa de uma competição mais equilibrada e mais competitiva.

Dirigir uma equipe contra adversários de igual ou melhor categoria, em competições de alto-nível, onde os jogos são decididos nos segundos finais, faz com que o técnico aprimore a sua filosofia de jogo, o seu “timing” nos pedidos de tempo, como também nas substituições e mudanças táticas durante o jogo.

A duração da temporada e o número de jogos dirigidos por ano, são, também, fatores muito importantes para a formação de um “técnico” experiente.

Dirigir uma seleção nacional no exterior é, também, uma oportunidade Única! Para tal, o técnico precisa do amadurecimento necessário para poder COMANDAR e dirigir, de uma forma eficiente fora e dentro da quadra.

Dirigir “craques” de seleção demanda um comportamento que só os técnicos com experiência possuem, pois a pressão é bastante grande tanto para os resultados quanto para decidir quem joga ou não!

O Brasil possui jogadores que atuam na NBA. Para tal, é necessário que os técnicos de seleção, adotem métodos de treinamentos, demonstrem conhecimento e know-how similares aos que os jogadores estão acostumados no exterior.

Ou seja, os treinos e os métodos de direção tem que estar a um nível similar aos que estes atletas estão acostumados tanto dentro quanto fora da quadra.

Na NBA e na NCAA Div.1, os técnicos são “head Coaches” acostumados as pressões relacionadas a posição e possuem um comportamento professional distinto adquirido durante as suas carreiras quando atingiram o “amadurecimento” para assumirem tal responsabilidade.

Nos EUA e em outros países, observei que quando um técnico é mais jovem, este, geralmente, convida técnicos mais experientes para fazerem parte da comissão técnica .

Isto é um procedimento normal na formação de muitas comissões técnicas tanto na NBA quanto no basquetebol universitário Americano.

O comportamento e a liderança do técnico dentro e fora da quadra durante os treinamentos e jogos tambem influenciarão na performance da equipe.

Comandar uma equipe em uma competição internacional, representando o país, e necessitando de vitórias para classificação para um Mundial ou Olimpíada, onde o resultado final depende das decisões do técnico durante a competição, e em algumas vezes durante os segundos finais de um jogo demandam “experiência” e “kilometragem rodada”.

Isto só acontece com o tempo e com experiências vividas dentro das quadras em competições de nivel!

Um Head Coach, especialmente de uma seleção nacional, tem que possuir um “Phd” de experiências “de qualidade” vividas na quadra e ESTUDO “com acesso a informação”.

Este não terá condições de dirigir uma Seleção e GANHAR apenas com um grau de Bacharelado! E para tal, é necessário tempo e Kilometragem rodada, ou seja um Phd!

Walter Carvalho é Consultor Tecnico para o basquetebol e Diretor da WA Sports Consultants com sede no Alabama, EUA.

Para conhecer mais sobre os nossos servicos de consultoria técnica entre em contato.

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Defesa + Rebote= Sucesso

Uma equipe pode marcar agressivamente sem ser por pressão ou individual. Acredito que a melhor defesa é aquela que:

  1. Combina os fundamentos da defesa individual e por zona. Nem todos jogadores do ataque merecem e devem ser marcados da mesma forma.
  2. Pressiona o atacante com a posse de bola e corta a linha do passe dos atacantes mais próximos da bola.
  3. Controla o ritmo de jogo – ex. força o ataque do adversário a jogar fora do seu ritmo habitual de jogo – este ritmo de jogo pode ser mais rápido e de quadra-toda ou mais lento e de meia-quadra. A opção utilizada deve ser antagonista ao sistema de jogo e a fluência de bola do ataque adversário.
  4. Diminui a porcentagem de aproveitamento por posse de bola do adversário.
  5. Aumenta o tempo de posse de bola da equipe durante a competição.
  6. Força o adversário a improvisar e adotar “outras” opções estratégicas ofensivas durante o jogo (competição) forçando-o a adaptações durante o jogo.
  7. Anula as melhores opções de arremesso do adversário durante a competição.
  8. Favorece o posicionamento dos jogadores de defesa para o rebote defensivo – não adianta pressionar a bola com o seu melhor rebote ou os seus melhores reboteiros longe da cesta defensiva.
  9. Naturalmente cria opções de contra-ataque com vantagem numérica, ou seja, favorece, oportunidades de contra-ataque 3 contra 2, 3-contra 1, 2 contra 1, etc. possibilitando opções de arremesso de alta porcentagem de aproveitamento assim aumentando o aproveitamento de arremesso por posse de bola e a porcentagem de cesta em conseqüência dos “turnovers” do adversário.
  10. É imprevisível para o adversário!

Rebote
Provavelmente um dos fundamentos mais importantes do jogo e menos enfatizado durante os treinamentos.

Se a sua equipe adota o sistema de defesa agressiva, isto quer dizer que provavelmente você irá forçar o ataque a jogar fora do seu ritmo habitual de jogo e ou a “forçar o arremesso”, diminuindo a porcentagem de aproveitamento por posse de bola do adversário.

Se a sua equipe não souber “box out” e se posicionar para o rebote defensivo, permitindo ao adversário 2as chances de arremesso (mais próximos de cesta), você irá certamente perder o jogo.

Não existe um sistema de defesa eficiente sem rebote defensivo.

Media de % de Aproveitamento de arremesso de acordo com estudo estatístico da NCAA:

1o arremesso – 30%
2o arremesso (resultante de rebote ofensivo) – 60%
3o arremesso (resultante de rebote ofensivo) – 80%

Razões para enfatizar a prática do rebote

1. Ajuda o seu time a GANHAR!
2. Equipes com boa média de rebotes são mentalmente “tough”.
3. Torna o seu time mais agressivo na busca da retomada de posse de bola.
4. Aumenta o número de posses de bola por jogo de sua equipe.
5. Facilita a saída para o contra- ataque.
6. Aumenta a porcentagem de arremesso de sua equipe.

Características de Equipes Vencedoras!

  1. Boa porcentagem de aproveitamento de arremesso por posse de bola.
  2. Baixa media de “turnovers” por posse de bola.
  3. Rebote – As equipes de melhor media de rebote defensivo e ofensivo ganharão 80% dos jogos – *comprovado estatisticamente pela NCAA.
  4. Possui um ataque equilibrado que cria situações de cesta dentro e fora do garrafão reconhecendo a importância do rebote ofensivo e do arremesso de lance-livre.
  5. Não existe um bom sistema defensivo se o seu adversário tiver uma melhor media de rebote ofensivo e defensivo.

Objetivos Matemáticos para o rebote ofensivo e defensivo durante a competição:

  1. Pegar 30% das oportunidades para rebote ofensivo.
  2. Pegar 80% das oportunidades para o rebote defensivo
  3. Estabelecer uma margem de rebotes em relação a equipe adversária, ou seja pegar 8 a 9 rebotes a mais por jogo do que o adversário. Esta margem já chegou a 15 durante os jogos de minha equipe.

* As porcentagens acima podem ser adequadas ao nível da competição, o importante é que, jogando desta forma, conseguimos vitórias importantes contra adversários individualmente mais fortes e melhores tecnicamente.

Walter Carvalho – Consultor técnico para o Basquetebol – Disponível para palestras e clínicas online.

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O Basketball Americano

Olá amigos.

O objetivo deste texto é analisar o que eu tenho observado em relação ao basquetebol praticado nos EUA.

Infelizmente, apesar de algumas excessões, os técnicos americanos passaram a ser coreógrafos de jogadas e de exercícios para o basquetebol. Os mestres do grande jogo se aposentaram ou não vivem mais neste plano. Ah! Saudades do Bobby knight, Dean Smith, Rolly Massimino, John Wooden, Gene Bartow entre outros “teachers of the game.”

Retornei para os EUA há 4 anos atrás e durante este período tive a oportunidade de observar treinamentos universitários e colegiais. Os treinamentos são intensos e dinâmicos porém os exercícios pouco simulam situações de jogo. Estes são perfeitas coreografias, as vezes, com até 5 assistentes passando a bola para jogadores arremessarem quando os jogadores poderiam utilizar o mesmo exercício e participar de uma forma mais efetiva passando e arremessando.

Os exercícios são tão complexos que mais parecem treinamento para a equipe do Globetrotters porém pouco eficientes pois a falta de simplicidade na execução dos mesmos sem simular situações de jogo os tornam obsoletos.

Assisti o final four com muita tristeza pois o Basquetebol praticado pela maioria das equipes foi um basquetebol robótico e totalmente previsível. Baylor ganhou praticando um basquetebol moderno e simples baseado na habilidade individual dos seus jogadores.

Sem dúvidas, as equipes em sua maioria compostas de jogadores brindados com habilidade atlética incontestável. Porém, a falta de criatividade é imprevisibilidade dos sistemas ofensivos e defensivos durante os jogos se tornaram uma realidade.

A nível universitário, em minha opinião, é inaceitável assistir um jogo e observar que o plano de jogo executado não é baseado em dados estatísticos, ou seja, na matemática do jogo.

Uma equipe como a de Villanova, com jogadores atléticos, tanto no perímetro quanto dentro do garrafão não podem jogar uma final da NCAA da mesma forma que jogaram os jogos anteriores. É inaceitável que neste nível, um técnicos não modifique e varie a pegada defensiva para marcar e negar as melhores oportunidades de cesta do adversário, especialmente o arremesso de 3 pontos,  como também falham em não explorar o jogo dentro do garrafão adversário.

Mudar a defensa de individual para a zona sem objetivos pré-determinados é muito pouco para este nivel.

Villanova disputou a final com uma estratégia que passou a ser uma disputa de quem erra menos e de quem acerta mais arremessos de três pontos.

Em nenhum momento, a equipe de Villanova tentou uma pressão, o box-and-one ou um triangle-and-two com o objetivo de controlar o ritmo de jogo, destuir o equilibrio ofensivo e negar as melhores opções de cesta do adversário.

Há 4 anos nos EUA sinto falta dos meus papos sobre o basquetebol com técnicos europeus e americanos que militavam no exterior.

Era um papo onde discutíamos o estágio do Basquetebol e o desenvolvimento técnico e tático do basquetebol international, especialmente, sobre  o avanço do condicionamento atlético dos jogadores formados na Europa.

Infelizmente o Basquetebol americano em sua maioria não está formando com a mesma eficiência jogadores completos e especialistas do esporte.

Na realidade muitos tem uma habilidade atlética fantástica porém sem os fundamentos necessários e iguais aos dos jogadores formados na Europa.

A NBA antecipando o problema está criando e apoiando financeiramente as ligas de desenvolvimento na Europa, Ásia e América do Sul com o objetivo de treinar os jogadores com potencial os fundamentos do esporte.

Resumindo a NBA está executando o trabalho que deveria estar sendo realizado no colegial, nos clubes e nas universidades.

O Basquetebol é simples! Porém a falta de professores formadores de jogadores de elite a cada ano aumenta mais.

Walter Carvalho
Wasportsconsulting.com

Controle Emocional: Basquetebol Moderno

Tradicionalmente os nossos atletas e equipes de alto-nível reagem de uma forma negativa e de certa forma até  amadora as “pressões” de dentro e fora do campo/quadra, especialmente quando estes atletas ou equipes são considerados os favoritos durante a competição ou quando estão competindo em casa.

Muitos são os exemplos que exemplificam como isso acontece, como, a performance de nossos atletas durante o jogo da semi-final da seleção feminina de volei durante os jogos Olimpicos de Atenas em 2004, a final da Copa do Mundo do Brasil onde a nossa seleção perdeu de 7 a 1 para a selecao da Alemanha.

Os exemplos são diversos, porém não é o meu objetivo lista-los e sim focar na importância do trabalho psicológico e tático de nossos atletas para a participação efetiva durante a competição.

Pesquisas sobre a performance de atletas de alto-nível demonstram que muitos são  os fatores que influenciam o desempenho e esses podem ser divididos em fatores psicológicos, físicos, técnicos e táticos e para tal eu gostaria de focar nos preparativos de nossas seleções de basquetebol para o mundial e jogos Olimpicos.

Os atletas dos nossos selecionados, não são mais jovens anônimos ; eles são atletas consagrados e que disputam a maior e melhor competição de basquetebol e futebol mundial: a NBA e Premiere League de futebol na Europa.

Este fato aumenta a atenção da mídia e o interesse de uma infinidade de pessoas e brasileiros, fãs ou não do esporte, que os rotulam como favoritos a uma medalha.

Na NBA, nossos atletas estão aprendendo a valorizar os aspectos psicológicos e a necessidade de disciplina, conduta, responsabilidade, autoconfiança e “team-work” como fatores importantes para a manutenção de uma performance de alto-nível em todos os jogos e consequentemente para o successo, ou seja,  a vitória ou o título de campeão.

Não basta mais excelente técnica , tática, preparo físico e habilidade sem o controle emocional.

É preciso ter controle emocional para a boa performance especialmente em competições de alto-nível.

Muitas equipes se motivam e têm um rendimento acima do esperado nos grandes torneios. Outras, entretanto, falham e seu desempenho fica aquém de sua capacidade.

Notem que os nossos atletas, dirigentes e comissão técnicas, estão atentos a estes fatores e organizam os períodos de treinamentos longe dos grandes centros e algumas vezes prpositalmente longe da imprensa.

Porém o que pode ser feito e treinado no campo técnico e tático que possa auxiliar na boa performance de nossos atletas e no controle emocional destes durante a competição?

Eu, como técnico, sou adepto, a um sistema de jogo que se encaixe as características individuais de nossos atletas e a cultura do nosso esporte e que este seja dinâmico (contra-ataque) e de defesa agressiva (pressão, box-and-one, triangle-and-2, 2-em-1, etc.).

Resumindo, o objetivo deve ser o de forçar a equipe adversária a jogar fora do seu ritmo preferido de jogo. Porém, esta não tem sido a forma de atuar dos nossos selecionados em competições internacionais.

No basquetebol, os nossos selecionados, pelo contrário, até o momento, têm utilizado um sistema de jogo único e (filosofia) de meia-quadra previsível, sem movimentação contínua de homem e bola, e com pouca mudança/alternância na pegada defensiva tanto nos 3/4 de quadra quanto na quadra toda.

Ou seja, as performances do Brasil não incendeiam a torcida. Os sistemas adotados são previsíveis e iguais aos praticados por seleções de outros países de diferentes características culturais e individuais.

A filosofia de jogo do Brasil, tanto no futebol quanto no basquetebol copiam a forma de jogar dos Europeus e Americanos e não praticam um jogo brasileiro.

O jogo “brasileiro”, é um jogo eletrizante de passes rápidos , contra-ataque, etc. que outrora era praticado pelas seleções brasileiras dirigidas por nossos técnicos brasileiros.

N Basquetebol, quem não gostava de assistir os contra-ataques com carioquinha, os arremessos de Marcel e Oscar, as arrancadas de Guerrinha e Maury, a criatividade de Wlamir Marques, a classe de Adilson, a força física de Ubyratan e a “finesse” de Algodão e Amaury, ou a coragem e a técnica do Marquinhos dentro e fora do garrafão, as enterradas do Gerson, entre outros.

Era um basquetebol brasileiro! Um Jogo que incendiava a torcida, a performance e aumentava a autoconfiança de nossos atletas.

Resumindo, espero que os técnicos dos nossos selecionados e equipes voltem a adotar uma filosofia brasileira de jogo, com o DNA brasileiro sem esquecer a importãncia do controle emocional.

Walter Carvalho – Consultor Técnico para o Basquetebol.

http://www.wasportsconsulting.com