Controle Emocional: Basquetebol Moderno

Tradicionalmente os nossos atletas e equipes de alto-nível reagem de uma forma negativa e de certa forma até  amadora as “pressões” de dentro e fora do campo/quadra, especialmente quando estes atletas ou equipes são considerados os favoritos durante a competição ou quando estão competindo em casa.

Muitos são os exemplos que exemplificam como isso acontece, como, a performance de nossos atletas durante o jogo da semi-final da seleção feminina de volei durante os jogos Olimpicos de Atenas em 2004, a final da Copa do Mundo do Brasil onde a nossa seleção perdeu de 7 a 1 para a selecao da Alemanha.

Os exemplos são diversos, porém não é o meu objetivo lista-los e sim focar na importância do trabalho psicológico e tático de nossos atletas para a participação efetiva durante a competição.

Pesquisas sobre a performance de atletas de alto-nível demonstram que muitos são  os fatores que influenciam o desempenho e esses podem ser divididos em fatores psicológicos, físicos, técnicos e táticos e para tal eu gostaria de focar nos preparativos de nossas seleções de basquetebol para o mundial e jogos Olimpicos.

Os atletas dos nossos selecionados, não são mais jovens anônimos ; eles são atletas consagrados e que disputam a maior e melhor competição de basquetebol e futebol mundial: a NBA e Premiere League de futebol na Europa.

Este fato aumenta a atenção da mídia e o interesse de uma infinidade de pessoas e brasileiros, fãs ou não do esporte, que os rotulam como favoritos a uma medalha.

Na NBA, nossos atletas estão aprendendo a valorizar os aspectos psicológicos e a necessidade de disciplina, conduta, responsabilidade, autoconfiança e “team-work” como fatores importantes para a manutenção de uma performance de alto-nível em todos os jogos e consequentemente para o successo, ou seja,  a vitória ou o título de campeão.

Não basta mais excelente técnica , tática, preparo físico e habilidade sem o controle emocional.

É preciso ter controle emocional para a boa performance especialmente em competições de alto-nível.

Muitas equipes se motivam e têm um rendimento acima do esperado nos grandes torneios. Outras, entretanto, falham e seu desempenho fica aquém de sua capacidade.

Notem que os nossos atletas, dirigentes e comissão técnicas, estão atentos a estes fatores e organizam os períodos de treinamentos longe dos grandes centros e algumas vezes prpositalmente longe da imprensa.

Porém o que pode ser feito e treinado no campo técnico e tático que possa auxiliar na boa performance de nossos atletas e no controle emocional destes durante a competição?

Eu, como técnico, sou adepto, a um sistema de jogo que se encaixe as características individuais de nossos atletas e a cultura do nosso esporte e que este seja dinâmico (contra-ataque) e de defesa agressiva (pressão, box-and-one, triangle-and-2, 2-em-1, etc.).

Resumindo, o objetivo deve ser o de forçar a equipe adversária a jogar fora do seu ritmo preferido de jogo. Porém, esta não tem sido a forma de atuar dos nossos selecionados em competições internacionais.

No basquetebol, os nossos selecionados, pelo contrário, até o momento, têm utilizado um sistema de jogo único e (filosofia) de meia-quadra previsível, sem movimentação contínua de homem e bola, e com pouca mudança/alternância na pegada defensiva tanto nos 3/4 de quadra quanto na quadra toda.

Ou seja, as performances do Brasil não incendeiam a torcida. Os sistemas adotados são previsíveis e iguais aos praticados por seleções de outros países de diferentes características culturais e individuais.

A filosofia de jogo do Brasil, tanto no futebol quanto no basquetebol copiam a forma de jogar dos Europeus e Americanos e não praticam um jogo brasileiro.

O jogo “brasileiro”, é um jogo eletrizante de passes rápidos , contra-ataque, etc. que outrora era praticado pelas seleções brasileiras dirigidas por nossos técnicos brasileiros.

N Basquetebol, quem não gostava de assistir os contra-ataques com carioquinha, os arremessos de Marcel e Oscar, as arrancadas de Guerrinha e Maury, a criatividade de Wlamir Marques, a classe de Adilson, a força física de Ubyratan e a “finesse” de Algodão e Amaury, ou a coragem e a técnica do Marquinhos dentro e fora do garrafão, as enterradas do Gerson, entre outros.

Era um basquetebol brasileiro! Um Jogo que incendiava a torcida, a performance e aumentava a autoconfiança de nossos atletas.

Resumindo, espero que os técnicos dos nossos selecionados e equipes voltem a adotar uma filosofia brasileira de jogo, com o DNA brasileiro sem esquecer a importãncia do controle emocional.

Walter Carvalho – Consultor Técnico para o Basquetebol.

http://www.wasportsconsulting.com